Após a viagem de duas
horas e meia a bordo de um velho navio, atracamos em Marrocos.
Chegamos por volta das 14h em Tanger
(Marrocos), a travessia durou aproximadamente 3h, sem contar o atraso na partida
(dizem que o atraso é normal por aqui). O navio é pequeno, se comparado aos de
cruzeiros, e segue viagem lotado de marroquinos (turcos, árabes e afins) com seus carros repletos de
tranqueiras.
O engraçado foi vê-los espalhados pelo
salão principal do navio. Todos literalmente largados, deitados no carpete do
velho restaurante, dormindo durante a travessia. Para complicar, as janelas
desse lugar são lacradas, impedindo a circulação do ar. Apesar da brisa fria lá
fora, dentro do navio estava um “bafão”, parecendo uma sauna... Diante do
precário cenário, resolvemos ficar na parte externa (mesmo com frio).
Neste navio tinha até uma mesquita, com um
desenho onde indicava a direção de Meca em relação à posição de navegação,
pois, dependendo do trajeto, os marroquinos poderiam rezar virados para o lado
certo.
Durante a viagem aproveitamos para tirar um
cochilo, mas fomos acordados ao entrarmos em águas marroquinas. Do alto falante
do navio ouvimos uma reza muçulmana, que parecia uma canção... A tal reza, que
durou por volta de 3 minutos, nos fez entrar no clima marroquino!!!
No desembarque em Tanger fomos barrados na
imigração, pois ainda no navio, durante o percurso de travessia, deveríamos ter
carimbado nossos passaportes com o agente que estava a bordo. E, como
viajávamos na parte externa, não nos atentamos a esse “pequeno” detalhe!!!
Tivemos que aguardar um tempo, dentro do navio, até que conseguíssemos os tais
vistos.
Ao pisarmos no porto de Tanger, fomos insistentemente
abordados pelos marroquinos. Eram nativos vindos de todos os lados oferecendo
táxi, hospedagem, restaurante e até haxixe... Só faltava vender a “mãe”!!! Eles não podem ver uma isca fácil (turistas
de mochilão, como nós) que logo já colam e não desgrudam mais.
Queríamos pegar um taxi que nos levasse até o Íbis Moussafir, que fica há uns 14 km da
cidade. Por precaução, perguntamos a um oficial que passava pelo porto, sobre a
segurança em entrar naquelas Mercedes velhas (todos os táxis são modelo
Mercedes, mas estão caindo aos pedaços!). Ele nos orientou a pegar somente táxis
que tivessem a placa com o número do veículo (uma espécie de registro), pois com
essa informação, não haveria problemas.
Então, ainda no porto, fomos ao ponto de táxi,
mas o que encontramos foi um “charlatão” querendo nos dar o golpe. Primeiro
negociamos o preço da corrida e, na hora de entrar no carro, ele queria nos
colocar em um veículo comum, sem a placa de registro. Ah... malandroooo!!! Saímos fora e ele continuou gritando
desesperadamente que não tinha problemas em fazer a corrida naquele carro.
Ao ver a cena, o colega dele se aproveitou da
situação e veio correndo nos oferecer seus serviços, dizendo que ele tinha a
tal placa em seu carro!!! Mas depois dessa, não queríamos nenhum deles nos
levando ao hotel.
Fomos procurar outro ponto de táxi fora do
porto, porém o sujeito continuou a nos seguir por uns 15 minutos, gritando
desesperadamente de dentro do carro. Em alguns momentos ele até descia do carro
tentando nos convencer. Nossa! Parecia até que éramos os únicos passageiros do
mundo... Olha o que eles fazem por dinheiro!!!
Para se ter uma idéia, enquanto caminhávamos
pela rua, vimos um deles pendurado na janela de um predinho, gritando para
nos oferecer táxi e hospedagem... Desacreditamos!!! Depois de despistarmos tantos
marroquinos insistentes, finalmente encontramos um ponto de táxi (quase)
descente e conseguimos chegar ao Íbis... ufa!!!
Foto: Fla e Shigue – “Coca-cola?!”