sábado, 31 de outubro de 2009

Falar é fácil... O difícil é entender!!!



SOS... Carro quebrado no meio do nada (na República Tcheca), daqui um tempo poderemos dar boas risadas disso.

Saímos do hotel pela manhã para visitar a Kostnice Sedlec, estranha capela decorada com ossos humanos na cidade de Kutna Hora. Porém, no caminho fomos surpreendidos com uma pane no Peugeotzinho.

Numa breve parada na estradinha adjacente para uma foto e o carro simplesmente não quer ligar novamente... Meu Deus!!! O que fazer??? Empurra daqui e dali para “pegar no tranco” e nada... foram momentos de muita tensão...

Perrengue total!!! Nós, com o carro quebrado em plena estradinha na República Tcheca, onde praticamente inglês é uma língua desconhecida e não passa uma viatura da polícia ou qualquer ser vivo que possa nos ajudar... Pensamos que nunca mais sairíamos de lá!!!

Até que finalmente surge um “tcheco” estacionando para “tirar água do joelho” e conseguimos abordá-lo (depois do xixi, é claro!). O tiozinho bem que tentou, mas o pobre não sabia fazer ligação de celular para a assistência mecânica do carro.

Novamente estávamos nós sem nada, no nada e com um frio de congelar (uns 8 graus!). Mas graças a Lady Gaga (apelido do nosso GPS - bendita seja!!!) conseguimos localizar um posto de gasolina nas proximidades, foi o que nos salvou.

Suspeitamos que na noite anterior havíamos abastecido o carro com um diesel diferenciado (nesse caso não soubemos ler as figuras!), daí o carro não quis funcionar!!!

Após uns 15 minutos de caminhada na estrada, chegamos ao posto (ufa!), agora era simples... Bastava explicar o que precisávamos para as atendentes do posto, o único detalhe é que elas só falavam tcheco!!! Depois de alguns minutos de mímica e de desencanar apelando até em português, fomos compreendidos. Saímos do posto com um galão de 10 litros de diesel (de verdade) para abastecer o carro e seguir viagem.

Os caminhoneiros, que ajudaram as meninas do posto a nos entender, nos acenaram enquanto caminhávamos pela estrada de volta para o carro (gente boa, apesar de também não falarem nada, nos compreenderam!). Enchemos o tanque e balançamos um pouco o carro (para misturar o bem diesel) antes de dar a partida... Dedos cruzados, algumas rezas e após 3 tentativas, finalmente o carro pegou!!! Eeeehhhhh!!!!

Chegamos à bizarra Kostnice Sedlec (igreja das caveiras), que é ao mesmo tempo surpreendente e estranha. A surpresa está em ver a quantidade de esqueletos usados para decorar toda a igreja (em torno de uns 40.000, haja gente!) e como o sujeito que fez aquilo é criativo. O engraçado é que ao ver tantos ossos, começamos a nos “tatear” para descobrir a qual parte do corpo eles pertencem.

Porém não foi em vão que essa quantidade de gente (ou melhor, de ossos) foi parar nessa capela. A história é que lá na antiguidade, o padre da capela foi enviado pelo rei à Jerusalém para uma missão e na volta ele trouxe um pouco da terra “sagrada” e espalhou em volta da capela, local onde é o cemitério. Daí muitos acreditavam que sendo enterrados lá estariam em solo sagrado, logo, mais próximos de Deus.

Só que o local era pequeno e não suportava tantos corpos, quando viraram ossos eram retirados e levados ao interior da capela. Diante disso e sem saber o que fazer com tudo aquilo, o padre teve a “macabra” idéia de decorar o interior da singela capelinha com os tais ossos. Hoje, é uma das atrações de Kutna Hora.

Apesar de ser assustador, não foi esse o sentimento que tivemos ao visitar a capela. Ao ver uma coisa dessas, fica bem nítido, que no final somos todos iguais... (literalmente!) e o quanto é importante vivermos enquanto pudermos.    

 Até mais....


Foto: Fla e Shigue – “Ai que medo!”
 


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“Outono” de Praga



Conforme avançamos para o leste, a leitura torna-se cada vez mais incompreensível... Então aprendemos a ler as figuras!!!

Amanhacemos em Dresden, no hotel Peugeot e antes de prosseguir para Praga fomos ao shopping da região. Desde o início da viagem, procurávamos um acolchoado para colocar sob na cama lá de casa e eis que o encontramos! O negócio é super macio (feito de plumas de ganso) parece um edredom, mas é usado para deitar em cima mesmo.  Aproveitamos e acrescentamos ao pacote uns travesseiros (de plumas também), o único problema é transportar esse volume todo, se antes o carro já estava lotado, agora então, nem se fala!!!

Chegamos a Praga no começo da noite e nos hospedamos em um hotel bem simples, que encontramos através do GPS (“Salve o GPS!”), mesmo porque se dependermos de leitura num lugar desses estaremos “na roça”!!! Fomos rapidamente ao centro jantar e conhecer os arredores, que a principio era semelhante ao centro de Sampa, com construções antigas e ruas largas.

Na manhã seguinte aí sim, vimos que a cidade não tem nada haver com o que pareceu no começo...  Praga é uma cidade muito bonita que conserva o estilo medieval, não possui grandes edifícios ou modernos centros como as que vimos até agora (apesar de preservar a história, todas demonstram desenvolvimento através de grandes prédios e centros comerciais).

Visitamos o Prazský Hrad (castelo de Praga) e o vilarejo que faz parte do complexo, é uma verdadeira cidade. Assistimos tradições conservadas até hoje como a troca da guarda (coisa pra turista ver!) e dentro do vilarejo do castelo fomos a Katedrála Sv. Víta (catedral de São Vito), uma das mais lindas que já encontramos até agora!!!

Como a maioria das igrejas européias, a riqueza é ostentada através de túmulos de nobres construídos dentro das mesmas. São várias estátuas de prata, ouro e pedrarias espalhadas por toda catedral. É impressionante...

Almoçamos no caminho de subida para o Castelo, de onde se tem uma vista privilegiada da cidade. A Charles Bridge (famosa ponte de Praga), repleta de estátuas (e gente!) em seu percurso, foi nosso roteiro da tarde. Também visitamos o Orloj (relógio astronômico), que entre 9 e 21h, em horas cheias, mostra os 12 apóstolos e uma caveirinha tocando um sino (ela fica no cantinho, poucos percebem).

Este relógio desde o século 15 é a atração da cidade, o “show” é rápido e como nossa expectativa era grande (e talvez das dezenas de pessoas que esperavam o badalo também!), o espetáculo não nos surpreendeu muito. 

Petiscamos na Hard Rock Praga, porque é a mais distante que chegaremos na Europa. Depois fomos a uma loja que vendia as famosas (por aqui) matrioskas (aquelas bonequinhas que vem umas 5 e cabem uma dentro da outra), o engraçado era que o vendedor falava inglês, espanhol, italiano e até um pouco de português. Ou seja, ele fazia de tudo para vender!!!

Iaikuí! (Obrigado! – foi a única coisa que aprendemos em tcheco!)

Foto:  Fla e Shigue -“Matrioskas unidas”




terça-feira, 27 de outubro de 2009

Em cima do muro (de Berlim!)



Na Alemanha nos surpreendemos com a boa hospitalidade e o patriotismo conquistado.

Começamos nosso dia visitando a “Topographie des Terrors” (resquício original do sombrio Muro de Berlim), até descolamos um pedacinho para levar pra casa. Depois fomos ao Checkpoint Charlie, posto de controle de travessia “das Alemanhas” (Oriental e Ocidental). Próximo dali, em algumas ruas há caminhos de paralelepípedos vermelhos mostrando por onde passava o muro.

Hoje, o Checkpoint Charlie é ponto turístico e há dezenas de lojas e um forte comércio ao seu redor, onde pudemos almoçar comida “chinesa” na Alemanha! Onde comemos (uma espécie de praça de alimentação de shopping), percebemos que as pessoas são simples por opção, não ostentam luxo. Talvez, isso possa ser herança do lado oriental, que vivia com o mínimo possível.

Outro ponto curioso que nos chamou atenção foi o fenótipo dos alemães. Ao contrário do que se imagina, eles não são em sua totalidade loiros (encontramos mais pessoas loiras de olhos claros na Holanda!), há muitos morenos de olhos castanhos. Quase todas as mulheres têm cabelos curtos, acho que vimos somente duas de cabelos médios (nenhuma de cabelos longos!). Já os homens são altos, e uma boa parte é careca.

Bem, visual a parte... À tarde andamos pela rua Unter den Linden, a mais famosa de Berlim, que abriga grandes marcas e lojas (muitas delas de carro).  

Quando anoiteceu pegamos o carro, que estava em um estacionamento (ao custo de 5 euros pelo dia todo, o que corresponde a apenas 1h em Amsterdã!!!). E visitamos o Reichstag (Parlamento Alemão).

Esse lugar é surpreendente não só pela moderna arquitetura, mas pela força da supremacia germânica que pudemos sentir nesse edifício. A construção parlamentar está lá desde 1884, mas foi em 1995 que ganhou um designer “ultramoderno”. Todo em vidro e espelhado, percebemos que a idéia dessa estrutura era mesmo de mostrar a transparência dos rumos tomados na política da Alemanha... Totalmente diferente do Brasil!

Nesse ponto dá até vergonha das nossas heranças culturais (“lei do Gerson”, “Jeitinho brasileiro” etc.), falta de riqueza histórica e até mesmo a incapacidade política “tupiniquim”. O fato é não temos nenhum grande feito histórico mundial para nos orgulharmos, infelizmente somos lembramos no exterior apenas pelo samba, praias e belíssimo futebol (pelo menos isso!!!).

 Saímos de Berlim por volta de 23h, fizemos “aquele lanchão” no carro com as comprar do supermercado e partimos a caminho de Dresden. Mais uma vez nosso hotel Peugeot nos acomodou... Agora já estamos experientes, usamos os sacos de dormir e tapa-olhos para uma noite bem tranqüila no carro!!!
Até breve!!!
 

Foto:  Fla e Shigue com ajuda do tripé  – “O Portal de Brandembrugo”


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Devagar?! Estamos na Alemanha!!!



Começamos nossa terceira semana de “exploração” em terras germânicas.

Acordamos e fomos usar o vestiário do posto de gasolina, que é bem limpinho e tem até chuveiros. Pela manhã passeamos no parque Sanssoucci, que é um complexo com belos jardins e enormes palácios, conservados até hoje.

Esse parque foi a única atração que visitamos em Potsdam, mas valeu à pena. Além de muito bonito e extenso, a paisagem que apreciamos por lá é típica de outono... Folhas caídas ao chão e árvores carregadas de folhas vermelhas e alaranjadas, nos lembrando fotos de cartões postais.

À tarde partimos para Berlim, novamente pegamos a High Way alemã, desta vez eu dirigi. No começo dá um certo medo, mas é muito boa a sensação de correr sem restrições. O problema é que se perde a noção, pois quando nos acostumamos com altas velocidades, nem percebemos o quanto estamos correndo. Daí o Shigue me alertava: ”Tá correndo demais, mantêm 150, vai de boa!!!”. O carro também me alertava: o volante fica muito sensível, qualquer falhinha na pista é notória e os caminhões te “jogam” para o lado.

Ao chegarmos à cidade, fomos logo à procura de um hotel, isso graças ao “GPS” (Deus abençoe o homem que os inventou!). E encontramos o Etap (hotel da rede Accor – primo rico do Formule 1). Na entrada dele já nos surpreendemos, pois o check-in é feito em um caixa eletrônico e a chave do quarto é uma senha entregue ao termino da operação. Esse sistema de senhas é muito comum nos hotéis daqui (já perdemos as contas de tantos números que decoramos até agora!).

Já era noite, deixamos as malas no hotel e fomos explorar Berlim, aproveitamos para visitar o Brandenburger Tor (Portal de Brandemburgo) e arredores. Esse portal é um dos símbolos do país e já testemunhou diversos acontecimentos históricos. Talvez, um dos mais marcantes, foi a construção (e queda) do Muro de Berlim, que foi erguido praticamente nas costas do portal, deixando-o no lado da antiga Alemanha Oriental.

Voltamos exaustos para o hotel, mas felizes por poder curtir uma bela noite de sono numa cama quentinha... (o mais legal de dormir no carro é aprender o valor de coisas simples e banais!!!).

Até mais...  

Foto:  Fla e Shigue, com ajuda do “tripe” – “Outono em Potsdam”


domingo, 25 de outubro de 2009

Voando baixo!!! (na estrada)



Dos sapatinhos holandeses as pistas alemãs, sem limites de velocidade.

Pela manhã fomos ao Zaanse Schans, uma espécie de parque-vila de moinhos de vento, cenário holandês bem típico. Nesse lugar, entre as lojas de souvenir, ainda há alguns moradores, é bem bonitinho, mas venta bastante (não é a toa que os moinhos estão por lá!).

É possível visitar dentro de um dos moinhos, mas como tudo na Holanda tem que pagar, nós não fomos. Preferimos saborear um delicioso e propicio chocolate quente que vendia na lojinha dentro desse moinho. Deixamos os chineses fazerem o papel de “turista” consumindo tudo que viam pela frente... Aliás, como dá chinês no mundo!!! – mas isso é um capitulo a parte... ainda vamos postar algo sobre nossos encontros com os Xing-lings!

Nesse parque também vimos uma loja de fabricação de Clogs, aqueles sapatinhos de madeira usados pelos holandeses. É muito interessante, vimos como eles eram talhados em madeira artesanalmente e pudemos acompanhar pessoalmente a fabricação de um sapato (hoje são feitos em serralheria). Lá também vimos uma grande variedade de clogs, desde infantis até imitações de sapatos de couro, muito legal!

Depois pegamos estrada à caminho de Potsdam (Alemanha), apesar da distancia, chegamos rápido por conta da High Way alemã (estradas sem limite máximo de velocidade). Agora entendemos porque o Schummacher foi um dos maiores pilotos do mundo (desde criança, ele tinha onde treinar)... Nessas estradas o povo literalmente “voa baixo”!!!

O Shigue foi dirigindo e teve a real sensação de pilotar um carrinho do “Need for Speed” (jogo de Plastation que ele vive jogando lá em casa). Teve um momento que o nosso Peugeot (zinho) estava à uns 170 km/h e passou um Audi rasgando do nosso lado. Acreditem... nessa velocidade o Shigue levou até farol alto (coisa do tipo: sai da frente carrinho francês!). Mesmo em alta velocidade, os motoristas são extremamente educados, não se vê nenhuma “barberagem”.    

Jantamos no restaurante de um posto de gasolina em Potsdam e foi nosso primeiro contato em terras alemãs. A tiazinha que nos atendeu foi muito atenciosa, ela “pensava” que falava inglês (coitadinha!), fazia gestos para complementar e apontava para as figuras e a gente fazia cara de entendido (rsrsrs...).

Resolvemos parar no posto de gasolina e dormir novamente no carro (hotel Peugeot), o que é bom, pois ajuda a economizar grana e dá para fazer mais coisas por aqui.

Tschüss (Tchau)

Foto: Newton Kimura (Shigue) - "Os coloridos clogs"